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07/11/2022

Procedimento cardíaco inédito no RS realizado no Hospital Divina

A ablação da artéria septal com cateter e uso de uma nova substância serve para tratar a miocardiopatia hipertrófica forma obstrutiva. Essa é a principal causa da morte súbita de adultos jovens e de atletas 

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A equipe da Unidade Endovascular do Hospital Divina realizou nesta sexta-feira, 7, um procedimento cardíaco inédito no RS. Um paciente de 40 anos, de São Leopoldo, foi submetido a uma ablação da artéria septal com injeção do agente embólico líquido Onyx®. A técnica, não invasiva e por meio de cateter, é utilizada para tratar a miocardiopatia hipertrófica.

O Dr. Gilberto Lahorgue Nunes, cardiologista intervencionista do HD, explica que o procedimento realizado no Divina com o Onyx®, uma espécie de "cola", ainda está em fase inicial de uso no Brasil. As vantagens observadas com esse novo tipo de tratamento é a redução de complicações, diminuição de arritmias e de bloqueios, evitando a necessidade de implante de marcapasso. O paciente evoluiu muito bem após o procedimento e recebeu alta em 48 horas.

O cardiologista explica que essa é uma doença de fundo genético. ”Ocorre quando o septo interventricular, a porção da musculatura que divide os ventrículos esquerdo e direito, fica anormalmente, e desproporcionalmente, hipertrofiada, ou seja, mais espessa do que o restante das paredes do ventrículo esquerdo.”

Conforme o Dr. Gilberto, isso provoca uma obstrução dinâmica à ejeção do sangue
do coração, causando os sintomas de tontura, eventualmente dor no peito, falta de
ar e, em casos mais graves, pode causar morte repentina. “A miocardiopatia
hipertrófica forma obstrutiva é a principal causa de morte súbita em adultos jovens e
em atletas”, acrescenta.

Tratamento convencional

O Dr. Gilberto relata que no tratamento clássico dessa doença, o cirurgião cortava
um pedaço desse músculo hipertrofiado, mais grosso, aliviando a obstrução. Há
vários anos, existe a alternativa do tratamento menos invasivo por cateter.
Através do cateterismo, é identificada a artéria septal que irriga a porção mais
espessada, mais volumosa desse músculo cardíaco na parede septal.

O tratamento mais convencional era a injeção de álcool absoluto, a 100%, para
provocar um “infarto controlado” naquela região e, consequentemente, fazer o
músculo reduzir de espessura, já que essa é a evolução natural após um infarto.
“O álcool absoluto é muito irritativo e esse procedimento estava associado a
algumas complicações como o surgimento de arritmias ventriculares graves durante
o exame e de bloqueios cardíacos após a realização da ablação da artéria septal”,
revela o cardiologista.

Segundo ele, em alguns casos, era necessário o implante de um marcapasso cardíaco. “Dependendo da quantidade de álcool que se injeta, existe o risco de provocar uma perfuração do músculo cardíaco, causando uma complicação chamada de comunicação interventricular, ou seja, um “furo” entre os dois ventrículos.”

O Dr. Sidney Munhoz, de Cuiabá (MT), que atualmente tem a maior experiência
nacional com essa técnica alternativa, foi convidado a participar do procedimento
junto com a equipe, formada pelos médicos Gilberto Lahorgue Nunes e Diane
Cláudia Roso (Cardiologistas Intervencionistas) e Júlia Schmidt Silva Busato
(anestesista).

O Dr. Gilberto relata que o procedimento foi bastante complexo pois, ao contrário do que ocorre na maioria dos casos, mais de um ramo coronariano irrigava a porção mais
hipertrofiada do septo interventricular. "Foi necessária aembolização de quatro ramos diferentes. O gradiente (diferença de pressão) registrado dentro da cavidade do ventrículo esquerdo foi reduzido de 53mmHg para 15 mmHg. O critério de sucesso para este tipo de procedimento exige que o gradiente final pós-tratamento seja inferior a 30 mmHg", detalha.

Num caso como esse, prossegue o cardiologista, se a técnica convencional com injeção de álcool absoluto fosse utilizada, o risco de complicações sérias seria muito alto pelo
grande volume de álcool a ser injetado. "Muito provavelmente, com esta técnica seria necessário repetir o procedimento mais de uma vez para poder completar o tratamento com segurança. Com o uso da nova técnica e da substância Onix, foi possível embolizar todos os ramos envolvidos sem o surgimento de arritmias, bloqueios cardíacos ou outras complicações."

Segundo o Dr. Alexandre Quadros, responsável técnico pela Unidade Endovascular do Hospital Divina Providência, o procedimento realizado é um avanço no tratamento da miocardiopatia hipertrófica, e soma-se a vários outros tratamentos endovasculares contemporâneos que são realizados, atualmente, no hospital. 

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