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07/06/2021
Técnica inovadora é usada em cirurgia cardíaca no Hospital Divina Providência
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Uma técnica inovadora foi utilizada, pela primeira vez no Rio Grande do Sul, em uma cirurgia cardíaca feita, recentemente, no Hospital Divina Providência. Um paciente de 77 anos foi submetido a revascularização do miocárdio com pontes de safena e de artéria mamária e reparo da valva aórtica. O procedimento incluiu, ainda, a exclusão do apêndice atrial esquerdo com clipe (Atriclip, Atricure, MR). O homem também apresentava fibrilação atrial e fatores de risco para embolias pós-operatórias. Por isso a recomendação da exclusão do apêndice atrial esquerdo. Conforme o cirurgião cardiovascular Renato Kalil (foto), que liderou a equipe formada pelos médicos Rafael Ceron, Felipe Salles, Débora Klein, André Aguilar e João Carlos Guaragna, a cirurgia transcorreu sem intercorrências e a recuperação do paciente foi favorável.
Experiências no Brasil e no RS
Kalil explica que a oclusão ou a extração do apêndice atrial esquerdo (AAE) tem sido praticada, eventualmente, durante as cirurgias cardíacas, com técnicas de corte e sutura, quando se planeja prevenir embolias - ou seja, prevenir que coágulos formados pela estase de sangue no apêndice atrial se soltem e causem embolia cerebral - no período pós-operatório imediato e mesmo tardio. O médico esclarece que os dispositivos de exclusão do AAE não estavam disponíveis no Brasil até pouco tempo atrás. São os grampeadores (“staplers”) e os clipes.
“Os primeiros clipes, que facilitam muito e reduzem o tempo de cirurgia, simplificando a técnica enquanto mantêm a segurança e eficácia, passaram a estar disponíveis recentemente.” Podem ser empregados em qualquer cirurgia cardíaca e também podem ser usados isoladamente, em pacientes que não vão a cirurgia, mas nos quais se recomenda a exclusão do AAE para prevenir embolias.
Menor risco de AVC
O cirurgião cardiovascular cita os resultados de ensaio clínico multicêntrico realizado em diversos países, incluindo o Brasil, onde seu grupo participou, e que comprovam os benefícios dessa técnica. O uso de anticoagulantes orais, entretanto, deve ser mantido por enquanto, pelo menos, dependendo de novos estudos para se saber se poderiam ser diminuídos.
Os resultados do ensaio clínico “LAAOS III'' foram apresentados na sessão científica de 2021 do American College of Cardiology virtual e publicados simultaneamente online no New England Journal of Medicine. Mostram a primeira prova definitiva de que a oclusão cirúrgica do AAE reduz o risco de AVC. “Temos uma intervenção segura e eficaz com baixo custo e menor risco para os pacientes”, assegura Richard Whitlock, MD, PhD (McMaster University, Hamilton, Canadá), coordenador do estudo. Diversos profissionais, incluindo R. Page no editorial do New England Journal of Medicine e J. Mandrola no site Medscape, comentam que esses resultados devem mudar as recomendações de tratamento e a prática clínica.
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