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17/03/2017
Médicos do Divina usam método inovador na colocação de endoprótese
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A Unidade Endovascular do Hospital Divina Providência foi palco, no último dia 17 de março, de um procedimento com método inovador na colocação de endoprótese para a correção de aneurisma toracoabdominal. A informação é do cirurgião vascular, Dr. Nilo Mandeli. O procedimento, realizado em um paciente masculino de 77 anos, ainda contou com a participação do chefe do serviço de Cirurgia Vascular do Hospital Regional São José, de Santa Catarina, Dr. Marcelo Mandelli, que é um expert no assunto, o cirurgião vascular, Gustavo Prade, e o proctolista Amilcar Torre.
Dr. Nilo Mandeli explica que Aneurisma é uma patologia em que se infiltra gordura na parede do vaso e causa uma dilatação (e não uma obstrução). No caso em questão a pessoa tinha uma dilatação da aorta desde o tórax até a divisão para as pernas. “O paciente foi tratado por uma técnica nova onde se faz dois cortes de 3 cm na virilha e uma punção no braço, colocando uma prótese que é manufaturada para o paciente, colocando o sangue para as artérias dos rins, intestinos e fígado”, resume.
Como era antes
Ainda conforme o especialista o tratamento corrente até agora consistia em abrir toda a barriga e o tórax, levando ao um pós-operatório de 24 a 48h de Centro de Tratamento Intensivo (CTI), com risco de paraplegia, isquemia intestinal pelo porte da cirurgia e múltiplas transfusões. Nesta nova técnica o paciente, se for necessário, faz no transoperatório apenas uma bolsa de sangue. “No paciente em questão, não foi feita nenhuma bolsa de sangue, foram necessárias apenas 12h de CTI, foi liberada a dieta após o paciente estar bem acordado, tendo ido para casa no terceiro dia”, recorda o médico.
Dr. Mandeli acrescenta que esta técnica vem sendo empregada amplamente em vários países como EUA, Alemanha, Inglaterra, entre outros, assim como em outras capitais do Brasil. “Trouxemos um expert neste assunto que é chefe do serviço de Cirurgia Vascular do Hospital Regional São José, em Santa Catarina, Dr. Marcelo Mandelli, para uso desta nova prótese”, destacou o especialista.
Saiba mais
Define-se Aneurisma como a dilatação arterial maior que 50% em relação ao diâmetro normal para o segmento em questão 1-20. De acordo com a literatura, é mais frequente na aorta, seguida das artérias ilíacas e depois da esplênica.Tem etiologia multifatorial - hereditária, traumática, infecciosa, inflamatória -, mas cerca de 80% dos aneurismas estão associados à degeneração aterosclerótica da parede arterial.
Estima-se que a incidência do aneurisma de aorta torácica (AAT) seja de seis casos por 100.000 pacientes/ano, e a do aneurisma de aorta abdominal (AAA), de 25 por 100.000 pacientes/ano. Cerca de 10% dos pacientes com AAA têm aneurismas em outro segmento da aorta, e em 25% dos portadores de AAT, há um AAA concomitante.
O tratamento eletivo do AAT é recomendado quando o mesmo é sintomático ou quando atinge 6 cm de diâmetro. Com o aumento da expectativa de vida, o diagnóstico de AAA tem sido mais frequente; na população acima de 65 anos, chega a 6%, e acima de 80 anos, é de 10%. O diagnóstico é mais frequente entre 65 e 75 anos.
A maioria dos trabalhos considera AAA infrarrenal uma dilatação com diâmetro transverso maior ou igual a 3 cm. O tratamento eletivo do AAA é recomendado quando o diâmetro atinge 5 cm ou quando há aumento de pelo menos 5 mm em 1 ano, devido ao aumento do risco de ruptura e da potencial letalidade.
O aneurisma isolado das ilíacas (sem comprometimento aórtico) é raro. Consideram-se aneurismáticas as artérias ilíacas comum e externa com diâmetro transverso igual ou maior a 1,5 cm. A abordagem eletiva é indicada para os aneurismas sintomáticos e para aqueles maiores que 2,5 cm. Aneurismas de ilíaca interna devem ser tratados independentemente do diâmetro.
O aneurisma de esplênica é o terceiro mais frequente entre os intra-abdominais e o mais comum entre os viscerais (46 a 60%); é o mais comum em mulheres (75 a 87%) com idade entre 50 e 79 anos. Indicações terapêuticas incluem diâmetro superior a 2 cm, mulher em idade fértil, gestação antes do terceiro trimestre, se associados a pancreatite ou pseudocisto pancreático ou em caso de sintomas.
Os aneurismas apresentam manifestações clínicas variáveis. Frequentemente, são assintomáticos e podem ser detectados incidentalmente ou por programas de rastreamento. O diagnóstico incidental é o achado radiológico inesperado em exames realizados com outra finalidade; ocorre em 5 a 20% dos exames radiológicos.
O diagnóstico incidental de aneurismas tem se tornado mais frequente devido ao aumento da expectativa de vida da população, ao refinamento de métodos diagnósticos e à maior facilidade de acesso. Estima-se que a incidência anual de ruptura do AAA seja de oito casos por 100.000 habitantes, sendo responsável por 2% das mortes na população acima de 60 anos.
O tratamento eletivo dos aneurismas apresenta menor morbimortalidade; o diagnóstico incidental e os programas de rastreamento podem contribuir para a diminuição da mortalidade e de complicações associadas à doença aneurismática.
Fonte: Texto e Fotos: Elisa Pegoraro
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