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25/06/2013

O doente como centro das atividades

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Olvides Martini *

Hospital humanizado é aquele que contempla, em sua estrutura física, tecnológica, humana e administrativa, a valorização e o respeito à dignidade da pessoa, seja ela paciente, familiar ou o próprio profissional que nele trabalha. É aquele que traduz na sua dinâmica as palavras de Camilo de Lellis, patrono dos profissionais de Enfermagem e dos hospitais, “Mais coração nas mãos, irmão”. Nas suas orientações de cuidado aos doentes, Camilo enfatizava o seguinte: “Enquanto as mãos fazem o que devem, os olhos estejam atentos ao que falta, os ouvidos estejam atentos aos seus pedidos, a língua lhe diga palavras de conforto, a mente e o coração rezem por ele”.

Significa colocar o doente como centro das atividades, dizer que ele é a razão de ser de tudo o que se faz no mundo da saúde. É no hospital que se vê mais claramente a fraqueza e a força do ser humano na luta em busca do resgate da saúde e da vida. É no hospital que a humanização não pode faltar. A humanização, muito mais do que uma técnica ou apenas uma intervenção, significa estreitar relações multiprofissionais, que possibilitem reconhecer a interdependência e a complementaridade de suas ações, permitindo que o coração, junto com a razão, se manifeste nas relações humanas do dia a dia.

Deve significar, fundamentalmente, a criação de um clima organizacional favorável para o exercício das atividades cotidianas pautado no acolhimento, no bom atendimento e no respeito à dignidade. É um processo que não se resume ao atendimento técnico, mas na compreensão e no cuidado como um todo. O Pe. Augusto Mezzomo, doutor em humanização, ressalta: “Humanizar é criar um clima em que o ser humano é reconhecido na sua dignidade e, no momento da necessidade, encontra tudo a que tem direito, a começar pelo respeito devido à sua pessoa”. Atitudes humanizadas são caracterizadas por um simples gesto de boa vontade nas tarefas e compreensão da natureza de quem sofre até a consideração da pessoa em sua totalidade.

Muito se fala em qualidade na saúde. Porém, não é somente uma qualidade que pode ser medida em dados quantitativos, mas também pelo nível de satisfação de quem utiliza o hospital, pela seriedade, acolhimento, humanidade no serviço que é prestado e grau de satisfação de quem nele trabalha. Então, a qualidade se reflete não só no que é material, mas também no que é humano. Assim, um ambiente físico adequado, aliado às boas relações interpessoais e atitudes demonstradas pelo respeito, competência profissional, cordialidade e carinho, faz com que qualidade e humanização andem juntas.

Para que os pacientes e familiares possam ser atendidos dentro de um contexto de humanização, as equipes precisam atuar de forma integrada, utilizando uma comunicação eficaz entre os profissionais, valorizar suas iniciativas e compartilhamento de ideias, colocando ênfase na socialização das ações humanas para estabelecer um melhor convívio. Não basta investir na eficiência técnica e sistemas modernos de administração. É preciso estar atento a princípios e valores como a solidariedade e a ética na relação entre gestores, profissionais e usuários, pautada pelo respeito ao outro como um ser especial.

A humanização, no contexto bíblico, volta seu olhar para Cristo, que veio trazer vida em plenitude. “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Cristo mostrou como o ser humano deve ser considerado. Sua abordagem se distingue pelo amor, compaixão, solidariedade e gestos concretos de amor ao próximo.

* Coordenadora de Planejamento

Fonte: Olvides Martini *

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